sexta-feira, 30 de maio de 2014

Aos moldes de Maria no mês de Maria (carta aos artistas - maio de 2014)


A paz de Jesus, meus irmãos! 

 Há um ano escrevi uma carta motivada pelo capítulo 19, vers. 27b do Evangelho de 
João - “E dessa hora em diante o discípulo a levou para sua casa”. Trata-se de João Evangelista, 
que levou Maria para casa depois que Jesus lhe disse, no mesmo versículo: “Filho, eis aí tua 
mãe”. Recordando-me da proposta daquela carta, lembrei que tínhamos um grato convite de 
levarmos Maria para casa assim como João, e toda meditação foi desenvolvida em cima desse 
texto. 
 Hoje, um ano depois, motivado a falar novamente desse versículo com um desejo de 
aprofundar um pouco mais nessa moção, convido você a olhar fixamente para esse trecho 
bíblico e mergulhemos um pouco mais nesse mistério. 

Depois disse ao discípulo: “Eis aí tua mãe”. 
E dessa hora em diante o discípulo a levou para sua casa. J0 19, 27 

 Esse discípulo, chamado João Evangelista, certamente não estava aos pés da Cruz de 
Jesus por um acaso. Não era somente uma companhia a Maria e as outras mulheres ou um 
consolo a elas, mas sim, porque era exatamente o lugar onde ele deveria estar, afinal de 
contas, ele tinha um diferencial. Para concluir o raciocínio, permitam-me olhar um pouco pra 
esse discípulo. 

João Evangelista 
 Era o mais jovem entre os apóstolos. Estava entre os prediletos que acompanhavam 
Jesus, tanto que veremos em algumas passagens, repetidas vezes, Jesus chamando consigo 
João, Pedro e Tiago. Ele, João, o próprio autor do Quarto Evangelho, vai se referir, por vezes, 
como o discípulo amado. Nota-se que João tinha uma proximidade a Jesus desigual em relação 
aos outros apóstolos. Escolhi uma cena narrada em seu próprio Evangelho no capítulo 13, a 
partir do versículo 21, que vai nos mostrar que no meio de uma notícia drástica que Jesus 
acaba de dar – “Um de vós há de me trair” – na angustia dos apóstolos recebendo tal 
informação, existe um ato que destoa de todo o contexto “Um dos discípulos, a quem Jesus 
amava, estava à mesa reclinado ao peito de Jesus.” Jo 13, 23. Não era uma informação comum, certamente os apóstolos ficaram confusos e angustiados com a dureza dessas 
palavras de Jesus. Saber que existia em seu meio um traidor, depois de conviverem com Jesus 
durante 3 anos, agora tinha que saber, quem dentre os doze, um traiu o seu mestre. Como 
absorver o impacto dessa noticia? Quais reações tiveram? No versículo 22 diz que eles 
olhavam uns para os outros sem saber de quem falava, e essa era uma reação esperada. No 
mínimo a “curiosidade” e a preocupação em saber quem iria fazer isso com Jesus. 
 Mas, no versículo 23, João surpreende. A notícia é triste, o clima ficou muito pesado, 
os apóstolos estão inquietos... e João? Está com a cabeça reclinada ao peito de Jesus... Nem 
me atrevo a deduzir o que João pensava nessa hora, e essa curiosidade levo comigo há muito 
tempo. Só sei que ele era diferente dos demais e Pedro percebeu isso. Simão Pedro acenou-lhe 
para dizer-lhe: “Dize-nos de quem é que ele fala”. Reclinando-se esse mesmo discípulo sobre o 
peito de Jesus, interrogou-o: “Senhor, quem é?” 

 Bom, já que não temos ideia do que se passava pela mente de João nessa hora, o que 
podemos questionar é por que Pedro pediu pra João perguntar a Jesus? Por que o próprio 
Pedro não o fez? Sabemos quanto Pedro tomava sempre a iniciativa das coisas, mas dessa vez, 
a iniciativa de Pedro foi somente pedir pra João perguntar a Jesus. E eu pergunto: por quê? 
Simples, irmãos, porque João estava mais próximo a Jesus do que os demais. Ele ouvia as 
batidas do coração de Jesus, ouvia Jesus respirando. A voz de Jesus aos ouvidos de João 
ressoava diferente dos demais apóstolos. João estava numa situação privilegiada. Se Pedro foi 
o único que teve a graça de andar por sobre as águas tempos atrás, João agora tem a honra de 
reclinar sua cabeça sobre o peito de Jesus como ninguém e pode participar de perto da voz 
angustiante de seu Mestre. Convido a vocês amigos da Palavra de Deus a se aprofundarem um 
pouco mais no evangelho de João e vocês verão que esse menino sempre quis estar perto de 
Jesus. Ele aparece em cenas cruciais no qual faz jus ao título de discípulo amado. Mas, vou me 
limitar somente a essa da ultima ceia. Vamos prosseguir. 

João, o discípulo amado, aos Moldes de Maria 
 O jovem apóstolo que deixou tudo por Jesus subiu ao calvário e viu seu mestre 
pregado na cruz. Num cenário de morte, envolvido em lágrimas, ouve a voz de Jesus ofegante, 
mas com certeza de uma boa nova que não se esperava: “Mulher eis aí o teu filho... e filho, eis 
aí tua mãe”. Depois de sepultarem Jesus, João acolhe Maria em sua casa. Veja o que Frei 
Raniero Cantalamessa nos escreve sobre esse versículo: 

 Maria passou os últimos anos da vida com João. Aquilo que se lê no Quarto Evangelho, 
a propósito de Maria em Caná da Galiléia e debaixo da Cruz, foi escrito por alguém que vivia 
debaixo do mesmo teto com Maria, porque é impossível não admitir um relacionamento 
estreito, senão a identidade, entre “o discípulo que Jesus amava” e o autor do Quarto 
Evangelho. A frase: “O verbo se fez carne”, foi escrita por alguém que vivia debaixo do mesmo 
teto com aquela em cujo seio esse milagre realizara, ou ao menos com alguém que a tinha 
conhecido e frequentado.

João conviveu com Maria dia e noite. Tomou refeições com ela, celebrou com ela os 
mistérios do Senhor. Certamente João ouviu detalhadamente toda a história de Maria. Irmãos, 
vocês conseguem imaginar Maria narrando pra João como foi seu encontro com o Arcanjo 
Gabriel? “Ave Maria, quanta alegria!” Vocês conseguem ouvir a voz de Maria narrando pra 
João sua viagem para a casa de sua prima Isabel? Que maravilha pra João ouvir a emoção da 
mãe contando o nascimento do menino Deus, O Verbo se fazendo Carne e habitando entre 
nós. Os pastores e os anjos cantando “Glória a Deus nas alturas!” Talvez algo que nunca 
imaginamos, mas como seria Maria falando pra João da pessoa de José, seu santo esposo? O 
brilho nos olhos, a voz carregada de amor por um homem que só soube cuidar dela e do filho 
de Deus... João teve a honra, a alegria, a graça de ter Maria em sua casa. Não como uma 
hospede, mas como Mãe. A mãe de Jesus agora, mãe de João. Aquela que sabe da pessoa de 
Jesus como ninguém nesta terra, agora, habita na casa de João. João viveu aos Moldes de 
Maria. 

 E por fim, João rezava com Maria. São Alberto Magno escreve que a Divina Mãe foi 
abaixo de Jesus a mais perfeita na oração, de quantos tem existido e hão de existir. Sendo 
assim, agora o discípulo amado se aproxima de Jesus em oração por meio da mãe. 
Ministério de Música e Artes da RCCBRASIL, meus irmãos. Neste mês de maio vamos acolher 
Maria em nossa casa. “Devemos imitar João, tomando, desde agora, Maria conosco em nossa 
vida” Raniero Cantalamessa.

 De forma prática, sinto em pedir a vocês que nos motivemos uma vez mais às práticas 
de orações do Santo Rosário, do Ângelus, Salve Rainha. Temos muita dificuldade de sermos 
fieis nessas práticas. O tempo nos consome com tantas atividades, sendo elas profissionais, de 
estudos ou pessoais. Mas, a nós do Ministério de Música e Artes, foi pedido, neste tempo, para 
vivermos AOS MOLDES DE MARIA. Eu digo a vocês com toda a certeza que é impossível 
vivermos essa moção sem a oração à Virgem Santíssima. Não vai passar de apreciações de 
alguns escritos. Nos últimos meses ouvi e li muitos comentários de admiração pelas cartas, 
mas, se não passar disso, não tem eficácia alguma. Buscar viver Aos Moldes de Maria é para 
que eu, você e nosso Ministério dêem frutos de santidade. Vejam o que São João Paulo II nos 
escreve em sua carta apostólica: 
 “O Rosário transporta-nos misticamente para junto de Maria dedicada a acompanhar o 
 crescimento humano de Cristo na casa de Nazaré. Isto permite-lhe educar-nos e plasmar-nos, 
 com a mesma solicitude, até que Cristo esteja formado em nós plenamente (cf. Gal 4, 19). Esta 
 ação de Maria,totalmente fundada sobre a de Cristo e a esta radicalmente subordinada, « não 
 impede minimamente a união imediata dos crentes com Cristo, antes a facilita.É o princípio 
 luminoso expresso pelo Concílio Vaticano II, que provei com tanta força na minha vida, 
 colocando-o na base do meu lema episcopal: Totus tuus. Um lema, como é sabido, inspirado na 
 doutrina de S.Luís Maria Grignion de Montfort, que assim explica o papel de Maria no processo 
 de configuração a Cristo de cada um de nós: “Toda a nossa perfeição consiste em sermos 
 configurados, unidos e consagrados a Jesus Cristo. Portanto, a mais perfeita de todas as 
 devoções é incontestavelmente aquela que nos configura, une e consagra mais perfeitamente a 
 Jesus Cristo. Ora, sendo Maria entre todas as criaturas a mais configurada a Jesus Cristo, daí se 
 conclui que de todas as devoções, a que melhor consagra e configura uma alma a Nosso Senhor 
 é a devoção a Maria, sua santa Mãe; e quanto mais uma alma for consagrada a Maria, tanto 
 mais será a Jesus Cristo”. Nunca como no Rosário o caminho de Cristo e o de Maria aparecem 
 unidos tão profundamente. Maria só vive em Cristo e em função de Cristo!” 

Somos os discípulos amados de Jesus, assim como João. As palavras do Senhor vem aos nossos 
ouvidos, músicos, dançarinos, atores, poetas(...) ouçamos com a mesma intensidade que foi para João: 
“Filhos, eia aí tua mãe”. João a levou para sua casa, e nós irmãos? O que faremos com essas palavras de 
Jesus? 
 Que neste dia 22 de maio estejamos dispostos a nos comprometer com esse chamado do 
Senhor ao nosso Ministério: Viver Aos Moldes de Maria. E pra que isso aconteça, precisamos levar Maria 
para nossa casa. Quanta honra! 
 Meus amigos, temos um encontro marcado. Dias 14, 15 e 16 de novembro de 2014, na sede da 
Canção Nova, em Cachoeira Paulista, o Congresso Nacional de Músicos Adoradores. Marque em sua 
agenda e acompanhe mais informações pelo portal da RCCBRASIL. 


Um grande abraço desse pobre pecador! 







Coordenador Nacional do Ministério de Música e Artes RCCBRASIL

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